27 de fevereiro de 2008

Saudades das Enciclopédias

27/02/2008

Marcia Regina Palumbo Martins
Ouvinte-internauta do CBN São Paulo

Gostei tanto das reportagens sobre as biblioteca e livros, que imediatamente lembrei de um tempo que passou e nunca mais voltará.

Nasci e morei na Vila Madalena, muito antes de ser famosa, como nos lembra todos os dias o Gilberto Dimenstein. Morávamos eu, papai, mamãe e duas irmãs. Papai e mamãe sempre nos educaram com sacrifícios que só pais e mães são capazes de fazer. Apesar de não terem grau superior, a única e principal preocupação era nos cercar de material que nos proporcionasse uma cultura geral sobre o mundo que vivíamos. A maneira que encontraram foi nos apresentar aos livros. Livros estes, que faziam parte das enciclopédias.

Estas enciclopédias eram vendidas para nós por senhores simpáticos, que rapidamente faziam parte da família, tomavam café com mesa posta e por vezes almoçavam conosco. Cabia a nós embebedar-nos com as ilustrações e com textos que até hoje não sai da minha memória.

Os trabalhos em grupo do colégio eram sempre feitos em minha casa, pois era lá que tinha o maior material disponível para estes. Papai e mamãe orgulhavam-se disto, e era a recompensa por tanto sacrifício. Ouvir-nos falar de Julio Verne, Machado de Assis e sobre o corpo humano, além dos amigos enchia-os de orgulho.

Que saudade do Sr. Bernardo, aquele senhor que vendia de porta em porta, e sem saber estava plantando uma semente que até hoje vejo nas minhas filhas, que são fanáticas por livros.

Quanto as enciclopédias, achei que os frutos seriam maiores e melhores se fossem doados para pessoas que fizessem com que elas novamente tivessem vida.

Agora minhas filhas já faziam uso da internet, cada uma seguia seu rumo e parecia que as queridas enciclopédias estavam inertes sem cumprir sua missão.

Após intensa procura, doei-as para uma escola pública de São Roque, com direito até a agradecimento. Pareceu-me que enfim, os livros estavam continuando seu ciclo, que nunca deve ter fim.

Era eu novamente, vibrando e deliciando-me como há quarenta e muitos anos atrás.

Nota: Nós três fizemos faculdade; eu sou biomédica, uma irmã administradora hospitalar e a outra advogada. Até hoje cada pagina lembrada dos livros é um pedaço da história das nossas vidas. Ah, e como não poderia deixar de ser, fui aluna do Prof. Heródoto Barbeiro.


Postado por Mílton Jung - Comente | 4 comentários

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